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O fenômeno do apartamento de 38 milhões de reais do Leblon

Viralizou recentemente na internet o anúncio de venda de um apartamento no Leblon, luxuoso bairro da capital do Rio de Janeiro, oferecido por 38 milhões de reais. Apesar do valor de venda ser bem alto, não chega a surpreender, já que outros apartamentos Brasil afora são ofertados a valores ainda mais altos (em alguns casos, até o dobro). O que causa espanto, no entanto, é quando se calcula o valor do metro quadrado: mais de 133 000 reais, já que a metragem do imóvel é de 284 metros quadrados. Com isso, o imóvel se tornou, proporcionalmente, a residência mais cara à venda na cidade. O endereço da propriedade é o Edíficio Tom, da construtora Gafisa, que está no final de sua obra e deve ser entregue até o final de julho desse ano.

Algumas explicações tentam justificar a razão desse valor tão alto. A primeira, sem dúvida, é o endereço privilegiado, seguindo a premissa do mercado onde localização é a qualidade mais importante de um imóvel. O prédio está no último terreno disponível na Avenida Delfim Moreira, entre as ruas João Lira e José Linhares, pertinho do Posto 11 e do hotel Janeiro. Lugar mais emblemático e com a cara do Rio de Janeiro não existe.

Outro fator que valoriza o agora famoso apartamento: o proprietário investiu bastante no interior do imóvel, cerca de 3 milhões de reais em acabamento e marcenaria de primeira linha, com a intenção de agregar mais valor na hora da revenda. O piso, por exemplo, é todo de mármore travertino romano. Quem assinou o projeto foi a arquiteta Isabel Comparato.

A exclusividade do produto também inflaciona o preço. Esse apartamento é o único à venda no condomínio. Os outros cinco vizinhos, inclusive a cobertura duplex, já foram negociados e os proprietários, a princípio, não têm intenção em se desfazer tão cedo de suas casas. Por ser o único apartamento à venda em um prédio pequeno, e portanto sem concorrente, a exclusividade acaba trazendo um adicional ao preço final do imóvel.

A incorporadora Gafisa investiu bastante no luxo do empreendimento. A fachada do Edifício Tom tem terraços em vidros curvados, como o balanço das ondas do mar que está a passos do endereço. O visual visto pela janela da sala ou dos dormitórios parece o de uma pintura. Por falar em pintura, a ideia do projeto era que lembrasse uma galeria de arte, tanto que vai reunir em seu interior obras de artistas renomados como Ernesto Neto, Vik Muniz e os irmãos Campana.

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Tanto luxo para tão poucos moradores vai custar uma pequena fortuna mensal para for viver em endereço tão prestigioso. A previsão é que a taxa mensal de condomínio fique entre 25 a 30 000 reais quando os apartamentos forem entregues, mas há sempre a  possibilidade de aumentar o valor se os moradores decidirem por mais investimentos, como segurança, por exemplo, que costuma onerar bastante o valor de contribuição dos condôminos.

O fenômeno do valor desse apartamento no Leblon evidencia uma realidade do setor imobiliário que as grandes cidades vivem hoje, que é a falta de terrenos em localizações nobres que possam ser incorporadas. Com isso, os prédios de luxo vão migrando para outras regiões e esse movimento acaba transformando a cidade de um modo geral. Foi o que aconteceu com o bairro do Leblon no Rio de Janeiro, que é tomado por prédios antigos. Alguns deles passaram por um processo de modernização em sua fachada, o chamado retrofit, mas  região ficou um bom tempo sem receber novos empreendimentos novos, justamente pela falta de espaço.

Até que surgiu o Edifício Tom e seus apartamentos cotados em dezenas de milhões de reais.

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