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Movimento LGBTQIAPN+: como o mercado imobiliário abraçou a “economia pink”

Junho é internacionalmente reconhecido como o mês do orgulho LGBTQIAPN+. A data foi escolhida para fazer referência a um episódio considerado o marco inicial pela luta pelos direitos nos Estados Unidos. O caso em questão ocorreu em 1969, quando frequentadores de um bar em Nova York se revoltaram contra a perseguição policial que a comunidade gay constantemente sofria. Mais de cinco décadas depois, o movimento cresceu e, apesar de diversas vitórias, ainda continua na luta por respeito.

Com a bandeira da diversidade, o universo LGBTQIAP+ serve de inspiração para movimentar negócios em diferentes áreas da economia. Muitos setores já deixaram de lado há tempos qualquer preconceito e estão atentos a esse público, que provou ter um grande potencial de consumo. Nasceu daí a expressão “economia pink” para classificar os investimentos relacionados à oferta de serviços e produtos sob medida para o público
LGBTQIAP+. ´

O mercado imobiliário também está atento a esse universo e, no mês do orgulho LGBTQIAP+, vale a pena fazer uma reflexão de como o setor está sendo impactado com novas frentes ligadas à questão da adversidade. As mudanças começam pela comunicação dos empreendimentos ou mesmo das imagens das empresas. Há alguns anos, de olho nesse mercado, a plataforma digital de moradia Quinto Andar lançou uma ação publicitária na rede social Instagram apresentando alguns dos seus clientes e famílias para reforçar a importância de se “sentir em casa” com a própria sexualidade. Muitos empreendimentos também passaram a apresentar em suas propagandas imagens de casais homoafetivos, reforçando a ideia de diversidade de seus projetos.

Uma outra questão que precisa de atenção dentro do mercado imobiliário é o treinamento constante dos prestadores de serviço para evitar e punir atitudes preconceituosas nos condomínios. Alguns meses atrás, um morador de um prédio no bairro de Pinheiros, na capital paulista, foi agredido no elevador por um vizinho preconceituoso. Em episódios lamentáveis como esse o condomínio deve estar preparado para acolher a vitima e procurar os meios para punir os agressores. O ideal é que sejam realizados treinamentos com os funcionários e síndicos, além de campanhas de conscientização e de promoção da diversidade para estimular uma convivência harmônica e respeitosa entre os moradores, de forma a se criar um ambiente inóspito para atitudes preconceituosas nos edifícios.

O PRIMEIRO CONDOMÍNIO GAY DO  BRASIL

Outra mudança que a comunidade LGBTQIAP+ tem promovido no mercado imobiliário é o desenvolvimento de projetos exclusivos para esse público. Em 2008, na praia de Arembepe, na Bahia, por exemplo, foi lançado o primeiro condomínio gay do estado. A ideia era oferecer
um reduto exclusivo para os frequentadores mais assíduos da região. O folheto do empreendimento na época tinha uma chamada super-criativa que convidava as pessoas a conhecerem o metro quadrado menos quadrado da Bahia. Na prática, o empreendimento não difere em nada dos projetos imobiliários tradicionais, mas o fato de ser pensado para um público especifico dá mais segurança e liberdade para que as pessoas estejam em um ambiente em que se reconheçam e sejam respeitadas.

Na esfera jurídica, o público LGBTQIAP+ também gerou uma necessidade de especialização diante das mudanças que existiram na sociedade. Os direitos sociais do casamento e da união estável homoafetiva se estendem aos direitos patrimoniais do casal. Por isso, é importante que os advogados estejam preparados para auxiliar seus clientes na busca pelos seus direitos como compradores e moradores de imóveis. Casais formados entre pessoas do mesmo sexo podem financiar sua própria casa por meio da confirmação da união homoafetiva ou casamento, algo
impensável anos atrás.

Muitos avanços aconteceram na luta contra o preconceito e no esforço para o reconhecimento dos direitos — esse movimento merece muitos aplausos de toda a sociedade. O mercado imobiliário também está caminhando nessa busca do reconhecimento da diversidade. Muito já foi feito nessa direção, é verdade, mas sempre é possível caminhar mais.

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