O início da guerra contra a Ucrânia provocou uma corrida entre os milionários russos em busca da diversificação de seus investimentos imobiliários no exterior. Eles já eram conhecidos como grandes compradores de propriedades suntuosas nos Estados Unidos e em Portugal. Nos últimos tempos, começaram a olhar com enorme interesse o Brasil e, em especial, o mercado de alto luxo do Rio de Janeiro.
Um dos primeiros veículos de imprensa a identificar a tendência foi o portal Bloomberg Linea. Em reportagem publicada em abril, o canal mostrou que o apetite dos ricaços russos por negócios imobiliários no exterior prossegue em alta e que o novo foco de interesses era o Rio de Janeiro. Contam pontos a beleza natural da cidade e o fato de ela estar no radar dos grandes destinos internacionais. Além disso, o apetite russo por aquisições quer pegar a onda da futura valorização dos imóveis revisados com projetos de retrofit, nos quais são reformadas e modernizadas as fachadas dos prédios. Ajuda ainda a alimentar o interesse o incentivo aos investimentos na região central do sul da cidade, no vácuo da atual política urbanística do prefeito Eduardo Paes, batizada de “reviver centro”.
Os atrativos da cidade, somados ao incentivo público e ao câmbio desfavorável do real frente as moedas estrangeiras, tornou o Rio de Janeiro uma ótima oportunidade de investimento para os estrangeiros endinheirados, principalmente os russos que vivem hoje uma realidade incerta em seu país desde o ano passado.
O portfólio de imóveis que estão sendo comercializados por esses estrangeiros é bastante particular por integrar o rol de exclusivos apartamentos de alto luxo da cidade. São endereços que vão de 5 a 40 milhões de reais em locais privilegiados como Leblon, Ipanema, São Conrado, Copacabana, além do entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas. Os investidores do leste europeu costumam preferir apartamentos, por acreditar que eles garantem maior segurança e liquidez, além de serem imóveis mais modernos, com infraestrutura de lazer.
A imobiliária WhereinRio já aponta um crescimento significativo na busca de imóveis por estrangeiros em terras cariocas. Desde meados da pandemia, os números foram crescendo. Os russos já atingiram 15% dos clientes, porém ainda abaixo dos norte-americanos, latinos e europeus.
Além de terem muito dinheiro, são empresários ou funcionários de multinacionais que experimentam a cidade antes de abrir os cofres, alugando imóveis de 15 a 40 mil reais mensais, para depois fazer a compra. Os russos têm um perfil conhecido no mercado por serem bons negociadores, difíceis de interpretar e bastante práticos, fazendo a conta da rentabilidade e da valorização do imóvel. Assim, mesmo quando deixarem o país, garantem ter ainda o imóvel como uma renda recorrente.
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