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Como o Carnaval costuma virar um inferno para moradores do Rio e Bahia

Apesar da cidade já estar com festa na rua desde o último final de semana, hoje, quinta-feira, 8, é oficialmente, o primeiro dia de carnaval em Salvador, a cidade brasileira que mais recebe visitantes durante essa temporada. Ano passado foram quase 3 milhões de pessoas que foram para lá curtir a folia e as imagens da festa impressionam: são milhares de pessoas nas avenidas ao som do trio elétrico durante o dia todo. Mas o que impressiona mesmo é imaginar que ali, onde os artistas passam arrastando multidões, é também endereço residencial de muitas famílias e, por mais que se tenha uma visão privilegiada da festa, não deve ser nada fácil morar no epicentro da maior festa do mundo.

A baiana Marcelle Falteseck morou por mais de 20 anos em um desses apartamentos, em plena passagem de trios elétricos na porta do prédio e conta que o ano já começa bem diferente na região, com o trânsito mais prejudicado devido à montagem de estrutura dos camarotes e intervenções que a Prefeitura faz no entorno para organizar todo o fluxo do evento. “O Carnaval foi crescendo ao longo dos anos. Por um lado, de uma forma mais organizada com os camarotes, mais policiamento e organização das vias. Porém, cresceu também em numero de pessoas e dias de festa. Antes o carnaval acontecia no centro da cidade, depois veio também para essa região apenas por dois dias. Hoje tem trio elétrico aqui durante uma semana, o dia todo.” Acrescenta Marcelle.

Para conviver com essa realidade, ainda que seja por um período curto ao longo do ano, precisa ter muito jogo de cintura. Os moradores devem se cadastrar na Prefeitura para ter livre circulação na região e se organizarem com antecedência para não precisar de nada quando começar os primeiros acordes da banda. Mesmo podendo sair dos prédios pela manhã, seja para a farmácia ou supermercado, o melhor é deixar tudo estruturado para evitar circular nessa época do ano. Quem tem alguma questão de saúde ou pessoas de idade em casa, o ideal é mudar de endereço durante o carnaval para evitar qualquer contratempo em uma situação de emergência.  “O problema não é a desordem, que de algum modo é inerente ao carnaval. O problema está no poder público confundir a linda manifestação popular com um vale tudo, pressupondo que não ser civilizado faz parte do folclore.”, reflete Mauro Ribeiro, outro morador da região que aponta a falta de cooperação dos órgãos públicos em administrar os limites da festa versus o espaço dos residentes.

O mesmo acontece na cidade do Rio de Janeiro. Apesar do carnaval de rua carioca ser mais espalhado por vários bairros ao longo e sem as grandes estruturas de trio elétrico, a presença dos famosos bloquinhos acabam interferindo bastante no cotidiano dos moradores. “Eu moro em Copacabana e, nessa época, diversos bloquinhos passam por aqui e é uma delicia, a cidade fica mais alegre e é muito bom estar tão bem localizada, mas existem muitos problemas também, especialmente com a segurança e sujeira. Quando o pessoal passa vai deixando um rastro de lixo e a limpeza demora a acontecer, pois o trajeto das pessoas é muito pulverizado, a Prefeitura não dá conta de limpar tudo tão rápido.”

Além da sujeira, do trânsito prejudicado e do som alto noite adentro, a segurança é o ponto que mais incomoda as pessoas. Muitos prédios reforçam a segurança com profissionais na portaria, para organizar o controle de pessoas e também colocam estruturas de madeira na entrada do prédio para reduzir o acesso e proteger a fachada. “Precisa ter essas providências no condomínio, pois já tivemos casos de pessoas não autorizadas entrando no prédio e o vidro da fachada quebrou uma vez em função de uma briga na rua”, reforça Marcelle.

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Mas, nem tudo é dor de cabeça para quem tem um endereço tão privilegiado nas capitais do carnaval brasileiro. Muita gente aproveita para alugar seu imóvel no período e ganhar dinheiro durante a folia momesca. Além dos apartamentos de temporada, que mesmo com valores estratosféricos, ficam logo ocupados, seja em Salvador ou no Rio de Janeiro, os espaços comerciais da capital baiana abrem mão do comércio para alugar seu ponto aos diversos camarotes do circuito, o que gera mais de um mês de lucro, já que a montagem do espaço acontece com bastante antecedência.

Independente da solução para essa época no ano, o melhor é seguir o conselho da moradora de Copacabana “Carnaval não é para se estressar, é para se divertir”, conclui Daniela, com toda razão.

 

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