Um dos cases mais invejados de marketing da história do mercado imobiliário no Brasil teve o Príncipe Harry como garoto-propaganda. Ele veio a um empreendimento no interior de São Paulo para disputar uma partida de polo, mas quem marcou mesmo um golaço foram os responsáveis pelo endereço, o Haras Larissa. A presença do nobre visitante fez o evento bombar, ajudando a atrair a atenção da imprensa e, por tabela, de muitos potenciais investidores.
Na época em que ocorreu essa ação, 2012, o neto de Elizabeth II ainda ostentava o título da nobreza, ao qual acabaria renunciando oito anos depois. Ele estava em sua primeira missão internacional, representando a família real em função das comemorações pelo jubileu da avó. Aproveitando sua vinda ao Brasil, resolveu também arrecadar fundos para sua instituição de caridade que ajuda crianças vulneráveis em um país africano. Seu staff foi encarregado de buscar um campo de polo para que ele jogasse uma partida e, na sequência, seria promovido um almoço no local para seletos convidados, com a renda revertida para sua ONG. O convite custava 1 000 dólares.
O Haras Larissa tinha vários predicados para se vender à entourage britânica como o local ideal para o evento. Além de um campo de polo profissional e estrutura sob medida para agradar um público de altíssimo padrão, toda a estratégia de comunicação do local tem cores e símbolos inspirados na bandeira inglesa. Não faltam por ali também belíssimas carruagens e cavalos dignos de um desfile real. Ao chegar ali, portanto, Harry, de certa forma, sentiu-se em casa. Chegou a bordo de uma carruagem e deu a tacada para a inauguração oficial do campo. O time dele, o Sentebale, enfrentou o St. Regis. Venceram por 6 a 3. Harry passou a partida em branco, mas ganhou um beijo ao final da modelo Fernanda Motta, que fez a entrega da premiação oficial do torneio.
Nos bastidores, os responsáveis pelo empreendimento comemoraram a ação de marketing perfeita. O evento criou a a chance de o público-alvo do empreendimento conhecer de uma forma única aquele espaço, criando uma conexão emocional com aquela experiência difícil de repetir em uma propaganda, por mais brilhante que seja a peça de publicidade.
A história do (ex) príncipe Harry é um exemplo de como é fundamental criar um buzz diferente para divulgar um negócio. Não basta colocar em campo um ótimo time de corretores de imóveis. Isso precisa estar alinhado a uma estratégia de marketing bem pensada para chegar ao cliente, sobretudo no momento de um lançamento. Diferentemente dos imóveis usados, que podem ser visitados pelos possíveis compradores, que checam in loco fatores como vista, localização, estrutura e itens de lazer, novos projetos imobiliários são ainda uma promessa diante dos olhos dos interessados, que só têm diante de si uma planta e uma maquete. Aí é que o marketing imobiliário precisa entrar em ação para ajudar o cliente a vislumbrar o sonho da aquisição, projetando o projeto que será erguido no local.
Devido a essa necessidade, muitas empresas foram se especializando ao longo do tempo para atender esse pulsante e crescente mercado, deixando o lançamento de um empreendimento cada vez mais profissional, criativo e diferenciado. Agências de publicidade mantiveram por muito tempo equipes dedicadas para atender as incorporadoras. Outras agências, inclusive, apenas trabalhavam com empresas do ramo imobiliário, como foi o caso da já extinta Eugênio Marketing Imobiliário.
Fornecedores desse mercado também se especializaram trazendo cada vez mais novidades para que os projetos se destacassem quando lançados, como as empresas de maquete que passaram a elaborar perspectivas em 3D e a presença de decoradores e arquitetos nos showrooms. Por muitos anos, a especialidade dessas empresas elevou a níveis altíssimos de qualidade as campanhas imobiliárias, a beleza dos showrooms e os livros de apresentação, para nenhum festival internacional de propaganda colocar defeito.
A era digital trouxe novas possibilidades de espaços para a divulgação de lançamentos, assim como ferramentas diferentes, a exemplo de vídeos produzidos com drones. Mas nenhuma parafernália tecnológica substitui a eficácia de uma boa ideia. Nesse campo, poucas serão capazes de superar a iniciativa que transformou um príncipe britânico em garoto-propaganda de um empreendimento.
Para o melhor pai do mundo, o mundo.
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