A China anunciou nesta sexta-feira, 17, medidas “históricas” para estabilizar a crise do setor imobiliário, relaxando as regras de hipoteca e disponibilizando 1 trilhão de yuans (cerca de 707 bilhões de reais) em financiamento para que governos locais comprem casas e apartamentos vazios.
O Ministério da Habitação da China instruiu as províncias orientem estatais a comprarem imóveis a preços “razoáveis”, que serão utilizados para fornecer moradias acessíveis, segundo o vice-primeiro-ministro, He Lifeng. Os investidores esperam que as novas medidas sejam o início de uma intervenção mais significativa do governo no setor, pedida há muito tempo por analistas.
He prometeu que as autoridades “lutarão arduamente” para concluir projetos atrasados, mas não apresentou um cronograma para as obras ou compras de imóveis.
O Banco Central da China anunciou que o valor de 1 trilhão de yuans será igualmente dividido entre financiamentos bancários para moradias acessíveis e empréstimos suplementares para apoiar politicas públicas, incluindo a renovação de áreas urbanas com arquitetura antiga.
Crise no setor imobiliário
O setor imobiliário chinês, que já chegou a representar 20% do PIB do país, vive uma queda nos preços e crescente estoque de casas e apartamentos não vendidos, devido à baixa demanda. A desaceleração do mercado imobiliário, que teve inicio em 2021, fez com que muitos desenvolvedores não conseguissem pagar suas dívidas, provocando debandada dos canteiros de obra. Isso abalou a relação de confiança entre o setor e a população chinesa.
As vendas de imóveis registraram queda de 20,2% entre janeiro e abril deste ano, em comparação com o mesmo período de 2023. Os fundos arrecadados pelos desenvolvedores também caíram 24,9% desde o ano passado. Segundo He, os governos locais possuem dívidas de cerca de 9 trilhões de dólares (quase 46 trilhões de reais).
A China também reduziu taxas de juros e valores de entrada de imóveis para incentivar mais compras. Em abril, os preços de casas novas caíram pelo décimo mês seguido, a uma taxa de 0,6% ao mês. No entanto, 96% das famílias chinesas já possuem pelo menos uma casa, ao passo que uma forte desaceleração do crescimento populacional, parte da transição demográfica, prejudica o crescimento da demanda.