Aproximadamente um milhão de turistas devem desembarcar no Catar nas duas primeiras semanas da Copa do Mundo. Essa movimentação migratória trouxe desafios para o setor hoteleiro e está provocando distorções no mercado imobiliário. Os aluguéis estão mais caros e os investidores mais cautelosos. A expectativa, porém, é de que o cenário volte ao normal depois do evento esportivo.
Um estudo realizado pela Cushman & Wakefield sobre o mercado imobiliário do Catar no terceiro trimestre deste ano aponta que a escalada no preço dos aluguéis residenciais do país asiático está diretamente conectada à demanda sem precedentes criada pela Copa do Mundo.
Para se ter uma ideia, a estimativa da companhia é de que mais de 30 mil unidades residenciais foram retidas para atender a procura dos próximos meses. Ou seja, proprietários que deixaram de alugar imóveis no modelo tradicional para atender os turistas visitando o país para o evento.
Esse aumento na procura por imóveis e as restrições nas ofertas fez com que muitos proprietários passassem a criar contratos de longo prazo aproveitando os valores atuais praticados pelo setor. Atualmente, os aluguéis com contrato de dois anos estão cerca de 30% mais caros do que o normal. No entanto, a tendência é que em 2023, após a conclusão do torneio, os aluguéis retornem aos níveis anteriores a 2020.
Desempenho positivo para hotéis
Na esteira da agitação criada pela Copa do Mundo no mercado imobiliário do Catar, o setor hoteleiro também vem sendo impactado de forma significativa. De acordo com dados divulgados pela Agência Nacional de Turismo do Catar em setembro, a ocupação anual dos hotéis foi de 57%.
Ou seja, ainda não era possível sentir os efeitos da Copa do Mundo. A expectativa, entretanto, é que a Copa garanta um aumento na ocupação anual e nas receitas hoteleiras para o ano.
E isso já está acontecendo. De acordo com os organizadores do evento, até o momento mais de 90.000 acomodações já foram reservadas pelos torcedores em dias de pico da Copa do Mundo. No entanto, 25.000 quartos ainda estariam disponíveis.
A partir do final da Copa, o estudo da Cushman & Wakefield sugere que o Catar vai passar a depender do crescimento do turismo de negócios e lazer, do retorno de turistas da Arábia Saudita e dos esforços do Catar para sediar eventos internacionais.
Investidores pausaram aplicações
Em contrapartida ao promissor cenário de locação de imóveis e quartos de hotel, o mercado de compras não está tão positivo. De acordo com a Autoridade de Planejamento e Estatística, o número de transações imobiliárias no Catar chegou a 2.990 no final de agosto. É uma queda de 23% em relação ao mesmo período de 2021 e uma queda geral no valor da atividade transacional em 24%.
O relatório indica que a dúvida sobre os preços futuros e restrições por conta da disponibilidade limitada justificariam a desaceleração das transações no país. A Cushman & Wakefield afirma que compradores e locatários de imóveis estão vivenciando um período de incerteza e adotaram uma abordagem de “pagar para ver” o que vai acontecer após a Copa do Mundo, mas a previsão é que o setor retome a atividade transacional após o evento.