A pechincha europeia é para lá de apetitosa: anúncios de casas na Itália por 1 euro, o equivalente a 5 reais. Quem já se deparou com anúncios do tipo deve ter sonhado imediatamente com uma dolce vita vida regada a vinho e massa. Fake news? Não. Ao contrário do que parece, as ofertas do tipo são para valer. De fato, Mamma Mia!, existem muitos imóveis na Bota do Velho Continente sendo ofertados a estrangeiros por preços irrisórios. Trata-se de uma iniciativa do governo para atrair moradores a cidades quase fantasmas, precisando urgentemente de revitalização devido ao enorme declínio populacional.
Esses imóveis que aparecem nas ofertas foram tomados pelos municípios por terem sido abandonados pelos seus proprietários originais. Normalmente são casas que precisam de muita reforma e em cidades pequenas de até 10.000 habitantes. Algumas delas, inclusive, como Presicce, na região da Puglia, está oferecendo uma doação de até 30.000 euros (cerca de 160.000 reais) para quem fixar residência no território localizado ao sul da Itália. Esse valor será contabilizado como uma contribuição financeira para cobrir até 50% dos custos da aquisição de um imóvel, incluindo reformas. Considerada uma das vilas mais charmosas da Itália pela sua arquitetura e palácios, a cidade luta também para combater o envelhecimento da população. Teoricamente, Presicce tem 9 000 habitantes, porém mais da metade deles já não vive por lá.
Mas, para comprar imóveis baratos na Itália, são necessários alguns cuidados para não acabar em pizza. O governo italiano faz algumas exigências para adquirir essas propriedades. Como as casas precisam de reformas significativas, os proprietários têm um prazo de até três anos para concluir a obra de renovação e estima-se que o novo dono gaste em média o equivalente a 450.000 reais na execução. Há também uma burocracia a ser levada em consideração. Para comprar imóveis em liquidação na Itália, é necessário se inscrever diretamente no Conselho Municipal da área para descobrir quais propriedades estão disponíveis e os termos exatos de compra que se aplicam, pois eles mudam para cada município. Entre outras exigências que podem ser feitas estão a comprovação financeira de executar o projeto de reforma, morar no país por no mínimo três anos, fazer um depósito inicial de 5 mil euros em alguns casos e pagamento de seguro anual. De qualquer maneira, somando tudo, ainda são valores bem abaixo do mercado em Milão ou Roma, por exemplo, e até mesmo das capitais brasileiras, se compararmos valores de metro quadrado e localização.
Embora o investimento inicial seja atrativo, é importante ter em mente que nem toda compra dá direito à cidadania ou mesmo visto de residência. Cada caso precisa ser avaliado de forma individual e, por isso, é necessário um acompanhamento de profissionais especializados para uma melhor orientação. A oferta desses imóveis não é autorizada para algumas nacionalidades de países que não possuem tratados com a Itália. Não é o caso do Brasil. Uma das compatriotas que investiram no negócio foi Rubia Daniels, moradora da Califórnia, Estados Unidos. De olho nas ofertas do outro lado do Atlântico, ela comprou em 2019 três casas abandonadas na Itália por 1 euro cada uma – ou seja, gastou o equivalente a 16 reais. Os imóveis em ruínas estão sendo reformados para dar vida a uma casa de férias, a uma galeria de arte e a um centro de bem-estar na pequena cidade de Mussomeli, na Sicília, com cerca de 10 mil habitantes.
Sem exagerar no apetite por esse tipo de negócio e tomando-se os devidos cuidados no processo de aquisição, a história dela mostra que as oportunidades imobiliárias em países como a Itália podem ser um belo passaporte para a concretização de muitos sonhos, incluindo o de um dolce far niente em vilas charmosas da Europa.